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O Poder da Prece - Swami Sivananda

O PODER DA PRECE

                                                   Swami Sivananda

 

         A ciência do universo físico tem-se desenvolvido enormemente na era moderna. Entretanto, o mais elevado pensamento científico está longe de desvendar os mistérios íntimos do homem e do universo. Por essa razão, os maiores cientistas, tais como Sir James Jeans e Albert Einstein, esforçaram-se por ultrapassar as fronteiras do plano físico a fim de explorar o ser metafísico do homem e do universo, na hipótese de que, em última análise, a "gnose" supra-mental é a realidade imutável, e que o restante é eternamente mutável e irreal, no sentido absoluto, embora a "realidade" deste último, no plano relativo, seja indiscutível.

         A ciência do homem tornou-se a mais importante de todas as ciências. As últimas análises e sínteses dos filósofos e cientistas do mundo indicam e confirmam a união do homem com a Suprema Inteligência.

         A luz das experiências psicológicas modernas, o dualismo de Descartes desmoronou e a integração da mente e da matéria foi reconhecida.

         A mente é aceita pelos videntes Hindus como sendo apenas matéria sutil. A ciência moderna diz que o pensamento é gerado pelas glândulas endócrinas e o córtex cerebral. A integração do organismo humano foi reconhecida; e as boas condições de saúde são a base para o poder do pensamento e da oração.

            Devoção a Deus

         A prece é a expressão de devoção a deus. O homem é composto de células e de consciência. Em decorrência desta última, ele tem tendências e aspirações. Ele descobriu a existência de uma "substância" homogênea, inteligente, perfeita, comumente denominada Deus, que é idêntica ao seu próprio espírito. Mas, para encontrar essa "semelhança", requer uma técnica. Esta técnica consiste em devoção, que não é nada mais do que a relação entre o homem e Deus. E desde que as preces são as expressões verbais de devoção, elas representam o caminho direto através do qual o homem descobre a sua união com Deus.

Sendo a salvação o objetivo mais elevado da oração, o método muitas vezes requer grande força mental. Muito poucas pessoas aspiram-na. Menor número ainda a atinge. De um modo geral, entretanto, as orações são oferecidas como a idéia de um propósito ulterior, como a obtenção de riquezas, saúde, fama e descendência. Deus concede até mesmo estes desejos menores. O famoso Dhruvas era um devoto deste tipo. Ele rezou pedindo devolução de seu reino. Mas quando ele finalmente teve a visão de Deus, dissolveram-se todos os seus desejos de bens materiais.

Formas de Oração

 O homem comum não se preocupa com a realização final de Deus, mas sente, ardentemente, que seus desejos mais íntimos devem ser satisfeitos e que ele deve conseguir a paz e a libertação de todo o mal. Por ter fé em deus, recorre ele à oração.

         Para conveniência do homem comum que encontra dificuldade em oferecer preces a um Ser tão abstrato, como uma entidade impessoal, deve ele escolher uma forma, para ser usada como símbolo, e nela aplicar a sua mente. Entre os Hindus uma imagem de Vishnu, Shiva ou qualquer outra forma serve de símbolo para a meditação. Entre os Cristãos, Jesus é invocado como Salvador e o Filho de Deus. Algumas pessoas inspiram-se em alguns pensamentos divinos expressos por poetas inspirados como Tennyson, Wordsworth ou Kalidasa. Todas essas são orações informais.

         Outros, entretanto, depositam sua confiança nas operações com base nas escrituras como as Upanishads, Gita, na Bíblia e nos Salmos, etc. Essas preces com base nas escrituras podem ser denominadas de convencionais.

 Mantras

Há outra classe de preces que podem ser denominadas de orações ultra-formais. Entre os Hindus, elas têm o nome específico de mantras (palavras ou sílabas sagradas). São compostas de certas letras do alfabeto Sânscrito e são denominadas Bijaksharas. São empregadas para satisfazer determinada finalidade, quer seja mundana ou transcendental. Cada mantra possui determinada energia psíquica que o praticante também possui em potencial. Quando ele repete o mantra que lhe é mais adequado, as duas energias fundem-se e transformam-se no meio para ele alcançar o seu objetivo.

         Uma palavra a respeito de OM, que é a forma fundamental ou básica da oração formal. Consiste de três letras A-U-M. Toda espécie de Trindade é expressa no OM. Diz-se ter sido o primeiro som produzido no momento da criação. Os Hindus terminam seus ofícios religiosos com OM, os Cristãos com Amen e os Muçulmanos com Amin. Portanto, OM é reconhecidamente uma invocação universal.

         Assim, verificamos que os canais através doas quais as preces podem ser oferecidas, são inumeráveis, indo desde uma citação de Wordsworth ou Kalidasa às mantras sânscritas de alta técnica.

 Potência Divina

 O devoto seleciona a prece que mais lhe agrada ou a que é mais adequada ao seu temperamento. É essencial haver algum meio de comunicação para unir a alma individual ao Espírito Supremo. A repetição do mantra, ou japa, ajuda a meditação. Através da meditação encontramos consolo e paz. Prece e meditação, quando sinceras e concentradas, purificam o coração e atraem a graça de Deus.

         Tem-se conhecimento de ocasiões em que feridas sararam mediante o oferecimento de preces. Não há necessidade da presença do próprio enfermo. O poder psíquico gerado pelo homem em oração faz com que sare a ferida. Tais fatos têm sido constatados e comprovados. Eles mostram claramente que há uma forte interação do poder psicológico, no plano físico. "Nenhum retiro é mais sossegado ou menos perturbado do que aquele encontrado pelo homem em sua própria alma", diz Marco Aurélio. A prece nos leva a esse retiro.

 A Oração Nos Torna Divinos

 Os místicos cristãos testemunharam o fato de que através do poder da oração a graça de Deus entranha-se em todo o ser do homem, assim como os elementos nutritivos dos alimentos penetram em nosso sistema físico.

         Assim como pensares, assim serás. Esta é a base científica da oração. Assim como o carvão, sob pressão geológica, transforma-se em diamante, assim também o homem, sob pressão psicológica, torna-se divino.

            A oração é sempre um estado – um estado intenso, carregado de fervor divino. A descrição de Wordsworth do "Santo Estado" no seu poema "Tintern Abbey" é uma prova patente do estado de Smadhi ou de supra-consciência.

         A oração origina-se da fé. A fé origina-se da nossa noção de afinidade com o Divino. É uma das formas mais sutis de energia procedente das profundezas psicológicas do homem, incompatível com qualquer energia sutil no plano físico.

 (Perfeição pelo Yoga, págs. 131-134 – Swami Sivananda)





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